Hoje gostava de poder libertar-me das emoções frágeis que sinto por ti.
Hoje.. talvez seja a escolha mais acertada sentir que sou eu que sou frágil e não as minhas emoções.
Assim, contudo... me sinto um zero.
Um zero.
Zero é algo que não contém.
Não conter é como se houve espaço para se sentir a ausência.
A ausência que deixaste quando partiste. Quando parti.
A ausência que me deixaste quando percebi que já não pertencia a ti.
É um também um vazio de presença de mim mesmo.
Deixei de existir para mim.
Deixei de existir para os outros que me acompanham agora.
Ausentei-me porque simplesmente estou onde não quero estar.
E o meu corpo fiel, capaz, sóbrio, e frio de ausência de amor,
Se encontra num outro lugar.
Está certo que carrego em mim a certeza que é preciso mudar.
Está certo e tenho a certeza de todo o mundo, que não é isto que é bom para mim.
Tenho toda a certeza que está na hora de te esvaziar de mim.
Que o lugar onde estás se deveria desprender-me.
Deixar-me regressar ao meu corpo, frio, sóbrio, capaz, fiel.
Que está onde sempre deveria estar.
Mas nem todas as certezas, são certezas do meu sentir.
Quando sinto, não consigo ter certezas.
E quando tenho certezas, tenho também dificuldade em sentir.
Por isso, e por o corpo me pedir, um vez por todas,
Que já é tempo de regressar.
Talvez possa esvaziar-me um pouco de ti.
E para criar um vazio no lugar onde estou.
Para voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saído.
Onde estou agora.
Onde sinto agora.
O zero também é bom.
É um esvaziar das sensações.
Um novo espaço para me sentir novamente.
Um sentir que é diferente e que dá espaço para o sentir por outro alguém.
O Zero é algo que não contém.
Porque o que contém agora o Zero.
Tem agora espaço para escolher de novo sentir.
04/02/2016